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sexta-feira, 10 de maio de 2013

"Marcial Joaquim Ernesto" - Três Nomes Próprios

No Mercado de Fusão do Martim Moniz o ambiente é de festa, felicidade e diversidade cultural. Debaixo de um sol de primavera, centenas de pessoas convivem entre si. Riem, cantam, comem, bebem, dançam. No meio destas centenas destaca-se Marcial Joaquim Ernesto. Vestido com uma t-shirt branca, calças de ganga, ténis que parecem já ter passado por muito e óculos escuros, este empregado de mesa d'A Brasileira, dança de uma forma muito peculiar. Por vezes interage com pessoas que circulam à sua volta e estas deixam-se atingir pela felicidade que irradia.
Era o seu dia de folga e, em vez do tradicional descanso, Marcial Joaquim Ernesto decidiu "animar-se a si próprio" e dançar ao som de Cesária Évora.
Mas nem tudo é um mar de rosas na vida deste excêntrico empregado de mesa. Nascido em Angola a 16 de Setembro de 1975, é enteado de um português desde os seus dois anos de idade. A partir dessa altura, começou a sofrer de discriminação por parte dos seus meio-irmãos por ser o único "menino black". Justamente por não se sentir bem-vindo nesta família, fugiu para Portugal aos 16 anos, procurando abrigo na casa dos seus tios em Marco de Canaveses. Sustentou-se a si próprio passando noites a dormir nos caminhos de ferro em Coimbra, onde trabalhava.
Atualmente, tem uma filha de 23 anos que nunca conheceu. Apenas sabe que se encontra a viver nos Estados Unidos e que foi mãe no passado mês de fevereiro.
"Voltar para Angola, só para ver a família." Confessa. Não pretende voltar a morar lá, uma vez que já se encontra muito habituado à vida no nosso país, dando ênfase às diferenças das condições básicas de higiene.
Apesar de todos os aspetos negativos que atravessou na vida, Marcial Joaquim Ernesto esconde o seu passado com um sorriso contagiante e a sua maneira única de ser.
 
Iolanda Rosa