– Como tem passado o tempo, agora que já
deixou os relvados?
Mantorras – É difícil, foram
mais de dez anos a jogar. Assistir aos jogos do Benfica sem poder ajudar a
equipa não tem sido nada fácil. O bichinho do futebol fica sempre, mas tenho de
contentar-me com o trabalho que estou a exercer agora, como embaixador do
clube. Infelizmente, tive de parar por causa da lesão.
– Muitos adeptos não escondem curiosidade
em saber como evoluiu a lesão no seu joelho direito...
– O joelho está bem, mas no Inverno sinto
a diferença. Dói mais nessa altura. Graças a Deus, continuo a fazer exercícios
no ginásio que tenho em casa e no Benfica. Tenho de ter mais cuidado com o peso
e, por isso, sou obrigado a seguir uma dieta saudável.
– Sem a lesão, teria chegado ao nível de
Drogba, Eto’o e Adebayor?
– Penso sempre que, no mínimo, faria parte
desse grupo dos melhores jogadores africanos. Começei a pensar assim quando fui
eleito o melhor futebolista jovem do continente africano, em 2001. De qualquer
maneira, estou orgulhoso com o que fiz enquanto pude jogar.
– Gostaria de ver repetido novo fenómeno
Mantorras no Benfica?
– Angola tem muitos talentos, nunca se
sabe. Se houver essa oportunidade, esse jogador terá de ser humilde e
mostrar-se disponível para aprender. Não pode vir com ares de estrela, até
porque o futebol europeu é totalmente diferente do africano. Se pensar que já
vem ensinado, pode sofrer uma decepção. Evolui porque aprendi muito com
treinadores como Mariano Barreto, Jesualdo Ferreira, Toni ou Giovanni
Trapattoni.
– Este plantel é mais forte do que aquele
de que fez parte e se sagrou campeão nacional, com Giovanni Trapattoni 2004/05?
– Sinceramente, acho que o actual é mais
forte em todos os aspectos. Nós não tínhamos verdadeiros craques como há agora.
Sobressaía o colectivo. Havia um forte espírito de grupo e um líder experiente,
chamado Trapattoni.
– Seria, então, um concorrente directo de
Óscar Cardozo na luta pelo título dos goleadores?
– Parece-me que seria mais fácil marcar
golos nesta equipa, porque não teria de recuar tanto para ir defender e buscar
jogo. De
certeza absoluta que marcava agora mais golos.
Filipe
Martins
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