quarta-feira, 15 de maio de 2013

Luz de Esperança: IARN


Alojamento, empréstimos à integração, transportes, vestuário, camas, alimentação. Um vasto leque de indicadores que caracterizam a sua actividade. Para uns, foi sempre inalcançável  Para outros, foi a base de uma nova vida. Visto como a luz ao fundo do túnel. Uma luz, neste Portugal, que se preparara para albergar muitos indivíduos das colónias.

 No mês de Março de 1975, nasce o IARN, o Instituto de apoio ao retorno de Nacionais. É criado com o intuito de ser um Serviço Nacional com boas respostas necessárias nas diversas estruturas da Administração Pública. Logo após o 25 de Abril de 1974, Portugal começa a albergar variados cidadãos portugueses que residiam nas ex-colónias. Já existiam dois núcleos de apoio a desalojados: a CAAD e a CATU. A comissão Administrativa e de Assistência aos Desalojados tratava de questões relacionadas com os indivíduos que vinham da Índia Portuguesa. Já o Centro de Apoio aos trabalhadores Ultramarinos, focava-se em apoiar os trabalhadores Cabo-Verdianos. No Verão de 1974, começam a surgir, em Portugal, os primeiros ex-colonos, provenientes da Guiné e Moçambique. Eram poucos os indivíduos que iam chegando. O suficiente para se iniciar a ideia de “ultimato”. É então criado um terceiro núcleo, o GADU, Grupo de Apoio aos Desalojados do Ultramar. Visava auxiliar todos aqueles que vinham em circunstância de emergência. Mesmo assim, este núcleo não veio responder ao que era necessário  nas diversas estruturas da Administração Pública. Surge, mais uma vez, a necessidade de desenvolver um novo serviço nacional que corresponde às expectativas do Governo e de quem poderia vir a depender dele. É, então, que nasce o IARN. Assumiu a responsabilidade em diversas áreas. Foi um núcleo que funcionou como se nele existisse uma Administração Pública, apenas para Retornados. Com esta criação, o lado negativo do conceito retornado, tende em aumentar. Os indivíduos que vinham das ex-colónias eram chamados de “Retornados”. Vistos pelo povo português como seres indesejáveis. O IARN vem criar estruturas e serviços para responder às solicitações feitas. Começa por iniciar as tarefas mais importantes: receber os ex-colonos, fornecimento de alojamentos, subsidiar as famílias e criação de bolsas de estudo. Actividades como estas, exigiram serviços complexos e difíceis. Mas, infelizmente, os problemas iam surgindo e aumentando de dia para dia, e o IARN atinge dimensões  e características ingovernáveis, passando a ser o bode expiatório  de todos. As  Associações de desalojados eram activas e contestatárias. Recordem-se  as mobilizações  que fizeram para contestar a Secretaria de Estado dos Retornados. A situação tornou-se insustentável e, perante a pressão das Associações e sob sua proposta, a Secretaria  de Estado dos retornados foi Extinta e, em sua substituição, foi criado em 10 de Setembro  de 1976 o Comissariado para os Desalojados, dirigido por um Alto-Comissário, assessorado por pessoas indicadas pelas associações e aceites pelo Governo.

Sofia Conde

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