Alojamento,
empréstimos à integração, transportes, vestuário, camas, alimentação. Um vasto
leque de indicadores que caracterizam a sua actividade. Para uns, foi sempre inalcançável Para outros, foi a base de uma nova vida. Visto como a luz ao
fundo do túnel. Uma luz, neste Portugal, que se preparara para albergar muitos indivíduos das colónias.
No mês de Março de 1975, nasce o IARN, o
Instituto de apoio ao retorno de Nacionais. É criado com o intuito de ser um
Serviço Nacional com boas respostas necessárias nas diversas estruturas da
Administração Pública. Logo após o 25 de Abril de 1974, Portugal começa a
albergar variados cidadãos portugueses que residiam nas ex-colónias. Já
existiam dois núcleos de apoio a desalojados: a CAAD e a CATU. A comissão
Administrativa e de Assistência aos Desalojados tratava de questões
relacionadas com os indivíduos que vinham da Índia Portuguesa. Já o Centro de
Apoio aos trabalhadores Ultramarinos, focava-se em apoiar os trabalhadores
Cabo-Verdianos. No Verão de 1974, começam a surgir, em Portugal, os primeiros
ex-colonos, provenientes da Guiné e Moçambique. Eram poucos os indivíduos que
iam chegando. O suficiente para se iniciar a ideia de “ultimato”. É então
criado um terceiro núcleo, o GADU, Grupo de Apoio aos Desalojados do Ultramar.
Visava auxiliar todos aqueles que vinham em circunstância de emergência. Mesmo assim,
este núcleo não veio responder ao que era necessário nas diversas estruturas da
Administração Pública. Surge, mais uma vez, a necessidade de desenvolver um
novo serviço nacional que corresponde às expectativas do Governo e de quem
poderia vir a depender dele. É, então, que nasce o IARN. Assumiu a
responsabilidade em diversas áreas. Foi um núcleo que funcionou como se nele
existisse uma Administração Pública, apenas para Retornados. Com esta criação,
o lado negativo do conceito retornado, tende em aumentar. Os indivíduos que
vinham das ex-colónias eram chamados de “Retornados”. Vistos pelo povo português
como seres indesejáveis. O IARN vem criar estruturas e serviços para responder
às solicitações feitas. Começa por iniciar as tarefas mais importantes: receber
os ex-colonos, fornecimento de alojamentos, subsidiar as famílias e criação de
bolsas de estudo. Actividades como estas, exigiram serviços complexos e
difíceis. Mas, infelizmente, os problemas iam surgindo e aumentando de dia para
dia, e o IARN atinge dimensões e
características ingovernáveis, passando a ser o bode expiatório de todos. As
Associações de desalojados eram activas e contestatárias.
Recordem-se as mobilizações que fizeram para contestar a Secretaria de
Estado dos Retornados. A situação tornou-se insustentável e, perante a pressão
das Associações e sob sua proposta, a Secretaria de Estado dos retornados foi Extinta e, em
sua substituição, foi criado em 10 de Setembro
de 1976 o Comissariado para os Desalojados, dirigido por um
Alto-Comissário, assessorado por pessoas indicadas pelas associações e aceites
pelo Governo.
Sofia Conde
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