segunda-feira, 22 de abril de 2013

156 anos de prisão pelo Massacre de Carandiru

Um tribunal brasileiro condenou este domingo 23 polícias militares a 156 anos de prisão cada um pelo seu envolvimento na morte de 13 presos durante o massacre da prisão de Carandiru, em São Paulo, ocorrido em 1992, onde morreram 111 reclusos.
A sentença foi anunciada de madrugada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão e corresponde apenas à primeira parte do julgamento que está dividido em quatro etapas. Outros três polícias julgados nesta primeira fase foram absolvidos a pedido do próprio Ministério Público.
No conjunto do proceso irão ser julgados 76 agentes pelo massacre que aconteceu quando a policía entrou na prisão de Carandiru para acabar com uma luta entre fações rivais. Nenhum policía morreu durante o motim.O caso do Massacre de Carandiru é tão complexo que só 26 dos 83 acusados estão actualmente a ser julgados. Os advogados de defesa dizem que os agentes estavam a cumprir ordens e que não há provas forenses para determinar quem matou os prisioneiros.A acusação do Ministério Público diz que muitos dos presos foram assassinados à queima-roupa dentro das suas celas.Os sete membros do júri do julgamento deram como provado que o grupo de polícias da Rota (batalhão da polícia de choque) armados de revólveres e metralhadoras, subiu ao segundo andar do Pavilhão 9 da prisão de Carandiru e matou a tiros 13 detentos.
No início do julgamento, a acusação falava em 15 presos mortos neste andar, mas a acusação pediu para que dois dos prisioneiros, mortos com armas brancas, fossem desconsiderados pelos jurados. Segundo o Mínistério Público, não era possível saber se eles foram mortos realmente pelos polícias militares.Segundo a acusação, as mortes foram praticadas por uma acção colectiva, comandada pelo então capitão Ronaldo Ribeiro dos Santos, na qual todos contribuíram igualmente "para praticar a barbaridade que praticaram", disse o procurador Márcio Friggi."Apesar de tardia, a sentença condenatória dos policiais que participaram do Massacre do Carandiru representa um importante recado da sociedade e da justiça brasileiras de que não é aceitável que policiais promovam fuzilamentos e depois inviabilizem perícias e apurações, seja removendo corpos, executando testemunhas ou forjando provas para garantir a impunidade dos crimes", disse à Folha de São Paulo o advogado Ariel de Castro Alves, do grupo Tortura Nunca Mais , que acompanhou o julgamento.  


João Ribeiro

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