quinta-feira, 25 de abril de 2013

A economia antes da Revolução dos Cravos



Pedir um empréstimo bancário era uma incógnita para a grande maioria dos Portugueses. Não havia salário mínimo, nem de férias nem de Natal. Os idosos tinham pensões hilariantes, aliás, a maior parte deles nem sequer tinha reforma. Vivíamos no tempo do escudo. Os tempos eram diferentes. Não havia crise, o FMI muito provavelmente seria confundido com um clube de futebol e a Troika poderia muito bem ser o novo hit dos ABBA.
De acordo com Elias Quadros, professor na Universidade Lusófona, a adesão ao Euro levou à crise actual, conjuntura esta que também se poderia verificar caso não tivesse ocorrido a Revolução dos Cravos, mas “menos intensa, porque a integração no Euro trouxe consequências que não foram acauteladas”. O empreendedorismo também era diferente, uma vez que, segundo o docente, “a livre iniciativa estava muito cercada pelo condicionalismo industrial”. O que quer dizer que hoje as pessoas estariam muito mais propícias a iniciar novos negócios, coisa que o ‘bicho-papão’ da crise não permite. “É natural o medo de arriscar, desenvolveram-se milhentas burocracias estúpidas que tolhem a vontade de abrir até pequenos negócios”, revela Elias, perito em assuntos empresariais. E empreendedorismo é mais uma palavra moderna. Antes do 25 de Abril de 1974, havia muito pouco comércio, não havia o leque vasto de opções dos nossos dias, até porque as mulheres não podiam iniciar negócios sem o consentimento dos cônjuges. ,Desta maneira seria mais difícil fundar empresas nos anos 70. A escolaridade permitiu essa expansão, uma vez que actualmente “há outras capacitações para ler o ambiente e espreitar oportunidades”, explica o docente.
Mas o 25 de Abril não é só sinónimo de saudosismo, ele também permitiu o regresso de vários portugueses de África, comummente apelidados de ‘retornados’. “Eles”, citando de novo o professor, doutor em Ciência Política, “vieram mudar a economia. Foram um sangue novo que veio animar a economia. Muitos portugueses não eram exploradores de ‘negros’. Eram sim, gente de bem que viviam graças à imaginação, espirito empreendedor e muito, muito, muito trabalho”.
Mas apesar da primazia da Revolução que hoje se comemora, um estudo feito pelo GFK em 2011 afirma que, quase metade dos Portugueses considera que as actuais c
ondições económicas são muito piores do que nos tempos em que Salazar era rei.

Rute Fidalgo

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