A guerra colonial, decorrida
entre 1961 e 1974, mudou a vida de todos os que nela participaram, assim como
as suas respetivas famílias. Gerou numerosos mortos e feridos que ficaram com
marcas físicas e psicológicas para o resto da vida. Nunca a sua inclusão social
no Portugal pós-guerra foi fácil, eram sempre vistos como ex-combatentes portadores
da doença que os médicos designavam, na altura, de mais perigosa - o “Stress de
Guerra”. Os deficientes, com perturbações físicas e psicológicas devido às
marcas de guerra, fazem também parte deste grupo, pois ficaram debilitados e a
sua inserção na sociedade, já democratizada, não foi a melhor, obrigando-os a
adaptarem-se de um momento para o outro e sem grandes ajudas.
O confronto entre as Forças
Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das
colónias, reuniu, assim, nos 13 anos de guerra, bastantes feridos a nível
físico e psicológico, um número maior do que o de mortos. Um problema que Portugal,
dizem os estudiosos, nunca quis tornar público, nem gastar tempo e dinheiro a
tentar resolvê-lo.
Os fatores das perturbações
psicológicas são cada vez mais e com uma maior dimensão. Viam os seus camaradas
a ser mortos à sua frente, as suas aldeias a serem destruídas e por vezes os
inimigos em maior número, tudo isto traumatizava qualquer um. Sem falar nas
necessidades básicas que passavam: fome, sede e o afastamento das famíias. Tudo
a juntar ao mau ambiente e poucas condições com que se deparavam em qualquer
sítio onde estivessem.
Desde 1988, a Associação “APOIAR”-
Associação de Apoio aos Ex-combatentes Vítimas do Stress de Guerra, conta com
várias parcerias e ajudas, tendo um sistema bem organizado com dicas para os
que sofrem desta doença. Faculta também ajuda para as famílias dos
ex-combatentes, que não conseguem lidar com a situação. Conta com a ajuda de
médicos, voluntariado aberto para quem queira fazer parte deste projecto e
também um jornal, que a cada dia fica mais conhecido.
Assim, tirando esta Associação de
Apoio, nada mais favorece ajuda direta aos ex-combatentes que, com as suas
marcas psicológicas e físicas da guerra, vão sempre viver, nunca esquecendo
nenhum momento daquilo em que participaram.
Rita Afonso
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