sábado, 20 de abril de 2013

De mãos dadas com um sonho

Viver em prol de um sonho não é tarefa fácil, mas o amor à manifestação artística fê-lo querer sempre ir mais longe. A força de vontade e dedicação características de Fábio Januário são a chave para o sucesso. Esta é a história de um jovem rendido á sua arte que já conquistou plateias e partilha, todos os dias, aquilo que melhor sabe fazer: dançar.

O relógio que traz no braço marca agora vinte e duas horas e o cansaço não é uma barreira que o faça parar. Faltam cerca de noventa minutos para voltar a casa. O dia começou cedo e como sempre termina tarde. Dar aulas, treinar e preparar novos projectos são as prioridades diárias de Fábio e amanhã será outro dia.
Por entre o frio que nem sente, os movimentos saem naturalmente sem quase ter de os repetir. O sorriso que traz no rosto revela a felicidade que sente a cada gesto que deixa fugir, sem qualquer timidez. Dançar é a sua vida, o que o motiva a nunca desistir de um sonho.
Tinha treze anos quando deixou a terra natal, Angola. Passados outros onze continua em Portugal, o país escolhido pelo pai, para estudar e encontrar melhores condições de vida, e oportunidades. Não mais voltou a Angola e as saudades da família apertam a cada dia que passa. “Infelizmente desde que cá estou ainda não voltei, espero este verão voltar para reencontrar toda a minha família.”
Interrompeu os estudos na Escola Superior de Dança, mas o regresso está à vista. “De momento parei no segundo ano da faculdade na Escola Superior de Dança, devido a questões económicas, mas pretendo voltar claro.”
Dançar é assumidamente a sua paixão e é a ela que dedica todo o seu tempo, quase sem intervalos.
Mas o sonho de ser bailarino já não é recente. Surgiu quando um grupo de amigos se juntou e deu vida aos “Pupilos do Kuduro” que animavam as festas do secundário ao som da música tipicamente africana. Éramos alunos/amigos e decidimos fazer um grupo de kuduro para as listas”. A partir desse dia descobriu que queria percorrer um novo mundo, o mundo da dança.
Das danças de salão ao ballet, o bailarino assume-se versátil: pratica todos os estilos, mas reconhece que o que realmente o define é o Hip-Hop.
Entre aulas que coordena e treinos diários, não há espaço para tempos livres. ”Eu não tenho muito tempo livre, pois eu vivo e respiro dança, e se chamar tempo livre de treino, então este sim é o meu tempo livre.. Ou seja quando não estou a trabalhar estou a treinar para mais e mais aperfeiçoar as minhas técnicas.”
O talento de Fábio já foi além-fronteiras: atuou em França e Holanda e afirma que “foi uma experiência óptima um outro nível outra mentalidade foi muito bom mesmo aprendi bastante.”
E quando se fala em discriminação nos bailarinos, não considera esse um maior problema. “ Diretamente não sinto, acho é que existe uma falta de companheirismo entre os bailarinos embora já esteja muito melhor”
Já no que se refere ao reconhecimento e valorização do trabalho, no mundo da dança, o bailarino considera que “existe uma falta de saber pois não sabem o que os bailarinos fazem para poderem apresentar, o quanto treinamos o tempo que perdemos para que tudo esteja perfeito. Leva tempo, então acho que não valorizam muito.”
Apesar de todas as barreiras que acredita conseguir ultrapassar, é com dedicação que Fábio encara cada dia como um desafio e apesar das dificuldades já conhecidas no que se refere à sua profissão, desistir não faz parte dos planos. “O meu maior objectivo é ser feliz no que faço, sem ter que chorar e lutar para conseguir algo. Apenas quero ser um Bailarino mais que versátil, e poder chegar a todos e passar a paixão que sinto aqueles que também querem seguir este sonho.”

Ana Rita Amorim

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