Nascida em Lisboa a 7 de Dezembro de 1934, Helena de Sacadura Cabral é
licenciada em Economia. Foi também a primeira mulher a ser admitida no Banco de
Portugal.Para além disso, Helena é também escritora, tendo lançado recentemente
a obra ‘O Amor é Difícil . O LusOnda esteve à conversa com a mãe de Paulo
Portas.
LusOnda: Escreveu diversos
livros. Já alguma vez pensou escrever um livro sobre economia?
Helena de Sacadura Cabral: Comecei, justamente, por
escrever sobre temas económicos nas revistas da especialidade.
L: Lançou, no passado dia 20, um
livro intitulado ‘O Amor é Dificil’. Porquê escolher temas que não têm nada a
ver com economia, a sua área de formação?
HSC: As pessoas podem ter vertentes
diversas. Há médicos que foram excelentes pintores como Medina ou excelentes
escritores com Torga. O ser humano não se reduz apenas a uma faceta. É uma
multiplicidade delas!
L: Estamos numa época de crise.
Isso ressente-se na venda dos seus livros?
HSC: Até hoje, felizmente, não. Mas
acredito que isso possa vir a acontecer e que entre escolher uma camisola e um
livro haja quem opte pela primeira.
L: Acha que essa mesma crise
poderia ter sido evitada?
HSC: Essa é uma pergunta com
múltiplas vertentes porque uma parte da crise europeia foi importada da
América. Mas penso que se estivéssemos estado atentos a certos “sinais” ela
poderia ter sido atenuada.
L: Estamos num país de
empreendedores. Acha que o empreendedorismo está a ficar afectado com a
conjuntura económica, isto é, as pessoas mostram-se cépticas em iniciar novos
projectos, ou pelo contrário, ganham cada vez mais vontade em iniciar novos
projectos, com vista a combater a crise?
HSC: Nos mais velhos a crise reduzirá
certamente a vontade de investir, porque o seu futuro é escasso. Nos mais
jovens e capazes, acredito que a crise os porá à prova e eles se suplantarão.
Com criatividade descobrirão novos projectos para si e para o país.
L: Com tantas empresas a
encerrar, qual é, na sua opinião, o ‘segredo’ daquelas que ainda sobrevivem?
HSC: Criatividade, produtividade, e
uma enorme força de vontade aplicada ao trabalho. Enfim, amor ao que se faz e à
terra onde se vive.
L: Acredita que, na conjuntura
económica actual, as pessoas têm de se saber destacar para conseguirem atingir
os seus objectivos?
HSC: O sucesso nunca foi fácil. E não
há sucesso sem destaque. Mas também é preciso não esquecer que não há sucesso
sem trabalho de equipe.
L: Os Portugueses aceitaram sem
problemas os novos estilos de vida que a crise lhes proporcionou ou ainda
sentem grandes dificuldades em abandonar antigos hábitos, tais como andar de
carro ou ir jantar fora?
HSC: ACEITAR é um termo excessivo. Os
portugueses adaptaram-se temporariamente a um novo estilo de vida. Mas o que
irá permanecer será, creio, uma espécie de média entre os dois tipos de
vivência.
L: Pensa que Portugal deveria
sair da Zona Euro?
HSC: Acredito que possamos vir a ser
confrontados com essa opção. Não a desejo, mas considero-a possível.
L: Para terminar, tem esperança
que a crise que se sente em Portugal (e no resto da Europa) tenha um fim?
HSC: Tenho mais do que esperanças. Os
países não acabam e as crises não são eternas. O problema é saber “quando”
começam e “quando” acabam.
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