domingo, 28 de abril de 2013

À conversa com Helena Sacadura Cabral: "Os países não acabam e as crises não são eternas"


Nascida em Lisboa a 7 de Dezembro de 1934, Helena de Sacadura Cabral é licenciada em Economia. Foi também a primeira mulher a ser admitida no Banco de Portugal.Para além disso, Helena é também escritora, tendo lançado recentemente a obra ‘O Amor é Difícil . O LusOnda esteve à conversa com a mãe de Paulo Portas.

LusOnda: Escreveu diversos livros. Já alguma vez pensou escrever um livro sobre economia?
Helena de Sacadura Cabral: Comecei, justamente, por escrever sobre temas económicos nas revistas da especialidade.

L: Lançou, no passado dia 20, um livro intitulado ‘O Amor é Dificil’. Porquê escolher temas que não têm nada a ver com economia, a sua área de formação?
HSC: As pessoas podem ter vertentes diversas. Há médicos que foram excelentes pintores como Medina ou excelentes escritores com Torga. O ser humano não se reduz apenas a uma faceta. É uma multiplicidade delas!

L: Estamos numa época de crise. Isso ressente-se na venda dos seus livros?
HSC: Até hoje, felizmente, não. Mas acredito que isso possa vir a acontecer e que entre escolher uma camisola e um livro haja quem opte pela primeira.

L: Acha que essa mesma crise poderia ter sido evitada?
HSC: Essa é uma pergunta com múltiplas vertentes porque uma parte da crise europeia foi importada da América. Mas penso que se estivéssemos estado atentos a certos “sinais” ela poderia ter sido atenuada.

L: Estamos num país de empreendedores. Acha que o empreendedorismo está a ficar afectado com a conjuntura económica, isto é, as pessoas mostram-se cépticas em iniciar novos projectos, ou pelo contrário, ganham cada vez mais vontade em iniciar novos projectos, com vista a combater a crise?
HSC: Nos mais velhos a crise reduzirá certamente a vontade de investir, porque o seu futuro é escasso. Nos mais jovens e capazes, acredito que a crise os porá à prova e eles se suplantarão. Com criatividade descobrirão novos projectos para si e para o país.

L: Com tantas empresas a encerrar, qual é, na sua opinião, o ‘segredo’ daquelas que ainda sobrevivem?
HSC: Criatividade, produtividade, e uma enorme força de vontade aplicada ao trabalho. Enfim, amor ao que se faz e à terra onde se vive.

L: Acredita que, na conjuntura económica actual, as pessoas têm de se saber destacar para conseguirem atingir os seus objectivos?
HSC: O sucesso nunca foi fácil. E não há sucesso sem destaque. Mas também é preciso não esquecer que não há sucesso sem trabalho de equipe.

L: Os Portugueses aceitaram sem problemas os novos estilos de vida que a crise lhes proporcionou ou ainda sentem grandes dificuldades em abandonar antigos hábitos, tais como andar de carro ou ir jantar fora?
HSC: ACEITAR é um termo excessivo. Os portugueses adaptaram-se temporariamente a um novo estilo de vida. Mas o que irá permanecer será, creio, uma espécie de média entre os dois tipos de vivência.

L: Pensa que Portugal deveria sair da Zona Euro?
HSC: Acredito que possamos vir a ser confrontados com essa opção. Não a desejo, mas considero-a possível.

L: Para terminar, tem esperança que a crise que se sente em Portugal (e no resto da Europa) tenha um fim?
HSC: Tenho mais do que esperanças. Os países não acabam e as crises não são eternas. O problema é saber “quando” começam e “quando” acabam.

Rute Fidalgo

Sem comentários:

Enviar um comentário