
Adriano Moreira, hoje com 90 anos, foi uma das figuras mais
marcantes na política do Estado Novo, tendo sido convidado por Salazar para
ministro do Ultramar em 1961 - altura em que despoletavam as primeiras revoltas
contra a colonização em Angola. A ele cabia o importante papel de
implementar um conjunto de reformas, tendo em conta o que ensinava nas suas
aulas. Neste cargo, é de salientar a sua atividade legislativa, que deu
origem ao Código de Trabalho Rural, à
extinção do estatuto do Indigenato e uma presença em territórios coloniais, que
lhe conferiram popularidade.
Via como primordial a necessidade do ensinamento na área das
ciências sociais, de forma a serem reunidas as condições para se saber, mais do
que administrar as colónias, lidar com as diferenças culturais que separavam os
povos e com os encontros, conflituosos,entre estas diferentes culturas.
Adriano Moreira nasceu em 1922 em Macedo de Cavaleiros,
lincenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa e realizou o doutoramento no
Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina(ISCSPU). Após uma
carreira como advogado, passa a dedicar-se ao estudo da ciência política e
relações internacionais.
Em 1963, após algumas divergências com Salazar, deixa o seu
cargo no Governo , e passa a estar mais presente na vida académica,como diretor
do ISCSPU, onde esteve durante doze anos. Após o 25
de Abril de 1974, perde os seus poderes políticos por ter sido ministro durante
o Estado Novo. Durante alguns anos esteve exilado no Brasil, contudo veio a ser
uma 'raridade' política, que tendo,com relevância, participado no Estado Novo, prolongava agora a sua carreira política no novo regime. Em 1980 é eleito deputado
pelo Centro Democrático Social (CDS) e permanece na Assembleia da República até
1995. Adriano Moreira, refere no entanto, nunca ter tido intenções de ser
Presidente da República.

Na verdade, para Adriano Moreira, a sua vida era a escola, aqui residia a sua paixão. A participação política, via-a como um dever, uma obrigação cívica. É dos
poucos, ‘sobreviventes’ políticos do Estado Novo que mantém viva a memória de
uma época intensa e gritante, de conturbação política e social, quer para
Portugal, quer para as colónias Africanas.
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